sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Filosofia grega e o mundo Ocidental - 4º bimestre - aula nº 3

Aula nº 3 do 4º bimestre:

Filosofia grega e o mundo Ocidental

A filosofia surgiu quando alguns gregos, insatisfeitos com as explicações que lhes davam, começaram a questionar e buscar respostas diferentes. É fato que na época tudo era explicado segundo mistérios divinos, porém isto não bastava para eles.

Estes gregos acabaram descobrindo que as ações e os acontecimentos humanos e até a natureza podem ser explicados pela razão, e que a última tem a capacidade de conhecer-se.

A filosofia desvendou um emaranhado de mistérios e segredos que rondavam a verdade. Ainda afirmou que este conhecimento não era restrito aos “escolhidos” ou às divindades e estava disponível a todos, poderia ser encontrado.

A filosofia grega deixou muitas marcas e foi o início do desenvolvimento de outros pensamentos. Vale lembrar que, como colônias de países europeus, a América também tem resquícios deste legado deixado pelos gregos e fortemente presente na Europa.

Neste legado estão presentes as seguintes ideias, entre outras:

- A natureza segue algumas leis e princípios iguais em todos os locais e tempos, são universais. Um exemplo claro é a lei da gravitação de Isaac Newton, importante físico do período moderno;

- As leis da natureza podem ser conhecidas por qualquer um e não são misteriosas e/ou secretas;

- O pensamento também obedece às leis universais, ele é lógico e obedece a uma lógica, assim temos capacidade de distinguir a verdade da falsidade;

- A prática humana depende da vontade livre, não desconhecida e oculta, segundo nossas preferências, valores e padrões;

- Os acontecimentos humanos são necessários e obedecem às leis naturais, mas também podem ser contingentes ou acidentais. A pedra cai, pois a gravidade a puxa, isso é natural. O homem anda, pois a natureza assim o permite. Porém, o fato da pedra cair na cabeça do homem que anda é acidental ou contingente. Apesar de poder conhecer as leis, nem tudo está no controle humano;

- Os seres humanos criam valores que dão sentido a tudo que fazem.

E muitas outras coisas surgiram no mundo ocidental em função da filosofia grega!!


Fonte: Currículo mínimo (Seeduc)

Doxa e episteme - 4º bimestre - aula nº 2

Aula nº 2 do 4º bimestre:

Doxa e episteme

“Não me envergonho de confessar aquilo que ignoro.” (Cícero).

Doxa é a palavra grega que significa "opinião". E a episteme é a palavra grega para "conhecimento".

Qual a diferença entre doxa e episteme?

Na filosofia platônica, Platão define o dualismo epistemológico, que é a divisão do conhecimento em duas partes. A Doxa é opinião e é como se fosse o primeiro conhecimento. É como se fosse um conhecimento superficial, aparente. Tal conhecimento baseia-se nas alterações, no imperfeito, no que é passageiro. A doxa é conhecido como o nível mais baixo do conhecimento, cópias dos objetos originais como uma imagem ou uma sombra.

Já a episteme baseia a sua existência sobre o conhecimento de ideias perfeitas e que são a essência de tudo o que existe. Podemos facilmente relacionar a episteme ao "saber" e ao "conhecimento", ou seja, o verdadeiro conhecimento diferente da opinião, mas não qualquer conhecimento vago, mas o conhecimento das coisas necessariamente verdadeiras, de uma forma em que haja combinação entre a ciência e o saber.

Trazendo para o nosso cotidiano, podemos identificar tais conceitos quando estabelecemos algum juízo frente a determinado objeto ou assunto, ou ainda, pessoa ou situação. Assim, meu caro aluno, fazemos julgamento a partir de uma primeira impressão, com poucas informações para construir uma verdade sequer aproximada da realidade efetiva do que está sendo analisado, devido à ausência de conhecimento que produza uma opinião de fato consistente e realista. Com relação à episteme, podemos identificá-lo como o conhecimento construído de forma racional e científica, em que exista uma base prévia de informações que fundamente a “perfeição” da ideia, diante de um conjunto de evidências capazes de comprovar os embasamentos levantados.

Por isso, Platão definiu doxa é o conhecimento imperfeito e episteme é a ciência, o conhecimento por excelência.

Fonte: Currículo mínimo (Seeduc)


A filosofia, o que é isso? - 4º bimestre - aula nº 1

Aula nº 1 do 4º bimestre:

A filosofia, o que é isso?

A admiração é a verdadeira característica do filósofo. Não tem outra origem a filosofia. (PLATÃO.)

Mas, afinal, o que é a filosofia? Essa pergunta coloca-se tão logo começamos a estudá-la. 
E nesse processo de formação filosófica, tal pergunta sempre irá nos acompanhar.

É possível definir a filosofia? Será que ela, a filosofia, possui um único sentido? Será que a riqueza da filosofia não está exatamente na sua pluralidade, nas suas diversas possibilidades?

Assim, podemos dizer que a filosofia nasceu como uma forma específica de pensar, como interrogação sobre o próprio homem como ser no mundo, quando o homem passou a confrontar-se com as entidades míticas e religiosas e procurou uma explicação racional para a sua existência e a existência das coisas. Por isso, a filosofia é uma reflexão crítica sobre o conhecimento, sobre a ação e sobre o Ser.

Aristóteles, importante pensador grego que você certamente já estudou. Ele diz o seguinte:

“Com efeito, foi pela admiração que os homens começaram a filosofar tanto no princípio como agora; perplexos, de início, ante as dificuldades mais óbvias, avançaram pouco a pouco e enunciaram problemas a respeito das maiores, como os fenômenos da Lua, do Sol e das estrelas, assim como a gênese do universo. E o homem que é tomado de perplexidade e admiração julga-se ignorante (por isso o amigo dos mitos é, em certo sentido, um filósofo, pois também o mito é tecido de maravilhas); portanto, como filosofavam para fugir à ignorância, é evidente que buscavam a ciência a fim de saber, e não com uma finalidade utilitária”. (ARISTÓTELES. Metafísica. Livro I. Tradução Leonel Vallandro. Porto Alegre: Globo, 1969. p. 40.)

Por isso, ao se reconhecerem ignorantes e, ao mesmo tempo, se surpreenderem diante do anseio de conhecer o mundo e as coisas nele contidas, os seres humanos foram tomados de espanto, o que deu início à filosofia. E você já se admirou com alguma coisa na sua vida? Certamente que sim. E, portanto, você pode concluir que já teve uma experiência filosófica.

Fonte: Currículo mínimo (Seeduc)


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

O ser humano como ser político - 3º bimestre - aula nº 3

Aula nº 3 do 3º bimestre:

O ser humano como ser político

Na sua obra Política, Aristóteles tratou da realidade, dos sistemas políticos existentes na sua época. Platão adotava na República uma postura mais idealista, mais inclinada para o imaginário, utópico, servindo de inspiração para os revolucionários. Já Aristóteles foi inspirador dos pensadores políticos mais inclinados a ciência e ao realismo. Para Aristóteles, o objetivo da política é a busca da felicidade humana.

Para os gregos, pólis é a cidade entendida como a comunidade organizada formada pelos cidadãos, isto é, pelos homens nascidos no solo da cidade, livres e iguais portadores de dois direitos inquestionáveis, a isonomia (igualdade perante a lei) e a isegoria (o direito de expor e discutir em público opiniões sobre ações que a cidade deve ou não deve realizar). Para Aristóteles, “O homem é naturalmente um animal racional e político, destinado a viver em sociedade”.

Podemos dizer que em grande parte o pensamento grego serviu como base para algumas concepções cristãs como é o caso da ética. No entanto, no pensamento moderno caracterizou-se por fortes críticas ao pensamento clássico. Maquiavel, por exemplo, rejeita a moral cristã como fundamento e finalidade da política. Para ele, o governante, se necessário, deve ser cruel e fraudulento para obter e se manter o poder “Os fins justificam os meios.”. Tratava-se de uma ideologia que pregava o relativismo da ética e da moral. Maquiavel entendia o mundo político e o descreveu como ele realmente é. Não acredita na existência de um bom governo, encarnada na figura de um governante virtuoso. A virtuosidade do governante está em bem administrar e comandar o Estado.

Já Hobbes destaca que no estado de natureza os homens têm um desejo, que é também em interesse próprio, de acabar com a guerra, buscar a paz, e, por isso, formam sociedades entrando num contrato social no qual o Estado é o garantidor da boa convivência entre os homens.

Fonte: Currículo mínimo (Seeduc)


A singularidade do ser humano - 3º bimestre - aula nº 2

Aula nº 2 do 3º bimestre:

A singularidade do ser humano

Por que podemos dizer que o ser humano é um ser singular? O que o ser humano possui que o difere dos outros seres vivos existentes?

O homem deve ser compreendido em suas várias dimensões: racionalidade, condição psicológica, técnico-produtiva e espiritual. O ser humano pode ser considerado um agente transformador e não se submete inteiramente às forças da natureza, pois ele é capaz de superar os limites impostos por ela. O ser humano é uma pessoa que desenvolve a consciência de si mesma com base na integração entre o plano individual e o sociocultural, nas diferentes relações com a natureza, com os semelhantes, com o transcendente e consigo mesma. Graças à sua racionalidade, o homem se conhece distinto do mundo. O processo de humanização, realizado com base no conhecimento, na linguagem e na ação, produz certo conhecimento que se situa nas condições materiais de produção da vida e dos valores, como também no sentido que se atribui à existência.

Podemos perceber que o homem é um ser vivente, que, no cotidiano, é conhecido como único agente e membro da vida cultural. O trabalho pode ser entendido como atividade do homem que transforma a natureza. Assim sendo, parece evidente a relação entre trabalho e realização humana. Tal relação é tão antiga quanto à própria história da humanidade. A civilização tecnológica tem influência marcante no modo de ser e pensar de cada um de nós, assim como na forma da organização econômica, política e cultural das sociedades contemporâneas. A transformação do mundo material ocorre simultaneamente com as formas de conhecimento produzidas pelas sociedades ao longo da história. A passagem de um momento para outro, na história das sociedades, sempre ocorreu com muitos conflitos e sequelas. Até porque os homens não são apenas seres biológicos produzidos pela natureza. São seres culturais que modificam o estado da natureza.


Fonte: Currículo mínimo (Seeduc)

Iniciação à antropologia filosófica - 3º bimestre - aula nº 1

Aula nº 1 do 3º bimestre:

Iniciação à antropologia filosófica

O termo antropologia vem do grego e significa estudo sobre o homem. A pergunta filosófica fundamental a ser feita nesse caso: o que é o ser humano? A partir dessa pergunta outras questões são levantadas, tais como: qual o sentido da existência humana? Existe uma natureza humana? Se existe, como defini-la? A antropologia filosófica estuda o homem em sua maior essência, enquanto a antropologia física estuda o homem na sua dimensão corpórea, diferenciando-o do anima, a antropologia cultural aborda os costumes e hábitos. 

Assim, a antropologia filosófica, bem como a ciência, se preocupa com o ser humano, embora a abordagem ocorra de forma distinta.

Assim, a antropologia é a parte da filosofia que se ocupa com a posição do homem no cosmo. E ao longo da história da filosofia várias foram as concepções sobre a visão do homem, tais como: na Idade Antiga, Platão: o corpo é o cárcere da alma.

Aristóteles: o homem é um animal político por natureza. Sócrates: necessidade de conhecer a si mesmo. Na Idade Média, relação entre alma e corpo, submissão da razão à fé, visão fortemente marcada pelo teocentrismo, Deus como o centro do universo. Idade Moderna, Descartes opondo corpo e alma no ser humano. E, no período contemporâneo, Marx, o homem econômico; Freud, destaca o homem instintivo, Kierkergard, o homem angustiado. E muitos outros exemplos, podemos encontrar entre os pensadores. Importante destaque é o pensamento de Rousseau. “O homem nasce bom e a sociedade o corrompe”. Isso porque no estado de natureza, não há lutas, os homens se comunicam por gestos, gritos generosos, o homem é um bom selvagem que nasce livre com impulsos irrestritos. Eles criam o estado civil por livre associação, convenção e deliberadamente resolvem formar certo tipo de sociedade à qual passam a prestar obediência mediante o respeito à vontade geral. Mas, a criar um conjunto de forças e leis para se protegerem estas lhes castra a liberdade e o homem perde a liberdade natural ilimitada e ganha a liberdade moral (civil).


Fonte: Currículo mínimo (Seeduc)

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Surgimento da Filosofia e Grécia Antiga - 2º bimestre - aula nº 3

Aula nº 3 do 2º bimestre:

Surgimento da Filosofia e Grécia Antiga

“Que representa a Filosofia? É uma das raras possibilidades de existência criadora. Seu dever inicial é tornar as coisas mais refletidas, mais profundas.” Heidegger, Martin.

Segundo Aristóteles, é a admiração que leva o homem a filosofar. Vamos aprender um pouco sobre o início desta importante forma de conhecimento. A filosofia possui uma história, uma tradição! Vamos conhecê-la? Existe uma grande discussão entre os estudiosos que a filosofia possui um local e data específica para o seu surgimento. Será que a filosofia é própria de algum povo ou cultura? Para Aristóteles, o ser humano deseja conhecer. Isso ocorre independentemente da questão cultural. Mas será que não existem diversas maneiras de se conhecer?

Leia com bastante atenção o seguinte trecho e reflita:

“O homem é naturalmente filósofo, ‘amigo da sabedoria’. E é verdade. Ávido de saber, não se contenta em viver o momento presente e aceitar passivamente as informações fornecidas pela experiência imediata, como fazem os animais. Seu olhar interrogativo quer conhecer o porquê das coisas, sobretudo o porquê da própria vida”. MONDIN, B. Introdução à Filosofia. São Paulo, 1981, p. 5.

E foi na Grécia Antiga, por volta do século VI A.C., que tivemos um acontecimento muito importante. Foi lá que surgiu o que ficou conhecido como sendo o grupo dos primeiros filósofos. Eles receberam o nome de pré-socráticos e se preocuparam em encontrar um princípio constitutivo de todas as coisas. Repare que os mitos também buscavam explicações, mas se baseavam em elementos sobrenaturais. Já os pré-socráticos queriam encontrar um elemento primordial na própria natureza. Elementos como a água, o ar, a terra e o fogo.

Em seguida, tivemos o período socrático! Vamos agora aprofundar algumas ideias dele. Sócrates representou um marco importante da história da filosofia; enquanto a filosofia pré-socrática se preocupava com o conhecimento da natureza (physis), Sócrates procura o conhecimento indagando o homem. Sócrates, inclusive, chegou a ser condenado à morte por defender ideias inovadoras para sua época. Dentre outras coisas, Sócrates costumava cobrar pelos seus ensinamentos, ao contrário dos sofistas.

Veja como a filosofia também passa por mudanças:

“A atitude filosófica inicia-se dirigindo indagações ao mundo que nos rodeia e às relações que mantemos com ele. Pouco a pouco, porém, descobre que essas questões se referem, afinal, à nossa capacidade de conhecer, à nossa capacidade de pensar.”

E isso aconteceu exatamente com Sócrates!! Ele questionou e muito a nossa capacidade de pensar. E ele fez isso utilizando um método que era composto por duas partes: a maiêutica e a ironia. A maiêutica, parto das ideias, era o momento em que o próprio discípulo encontrava-se por si só as respostas aos seus questionamentos; Sócrates defendia a ideia que o conhecimento não era uma simples transmissão de informações. E a ironia era a forma, inteligente e sútil, que Sócrates levava o seu interlocutor a reconhecer o seu próprio equívoco na forma de pensar. Esse método foi tão importante que Platão, seu mais famoso discípulo, fez do método a sua forma de escrita em seus famosos diálogos. 

Com isso, Sócrates iniciou uma grande tradição que se estende até os dias atuais. E para a própria Grécia Antiga, a filosofia influenciou os hábitos, os costumes, a linguagem, a política, a ciência, a literatura. Enfim, a filosofia passou a fazer parte essencial do que nós chamamos de cultura, tudo aquilo que é produzido pelo homem em termos de valores.


Fonte: Currículo mínimo (Seeduc)

Articular as relações entre mito e filosofia - 2º bimestre - aula nº 2

Aula nº 2 do 2º bimestre:

Articular as relações entre mito e filosofia

Existem muitas relações e aproximações entre o mito e a filosofia. É muito comum encontrarmos afirmações que a filosofia surgiu em oposição ao mito, pois seriam duas formas de conhecimento totalmente opostas entre si. Mas será que isso é verdadeiro? 

Vamos pensar e refletir melhor. Para isso, vamos pedir ajuda a um dos maiores pensadores de todos os tempos. Você já deve conhecê-lo. O nome dele é Aristóteles e veja só o que ele disse: “todos os homens, por natureza, tendem ao saber”.

Assim, podemos dizer que a busca pelo conhecimento não é tarefa exclusiva da filosofia. O ser humano possui uma inclinação pelo conhecimento. E o mito também é uma forma de conhecimento, é também uma tentativa de explicação. Podemos concluir que o mito preparou o próprio caminho da filosofia, pois as narrativas míticas são respostas as mais diversas indagações humanas. Inclusive muitos filósofos, como é o caso de Platão, utilizaram mitos como instrumentos, meios de explicação de suas ideias. É o famoso caso do mito da caverna! Será que Platão queria ensinar simplesmente um mito para os seus discípulos? Ou Platão está se utilizando de uma linguagem simbólica para transmitir suas ideias? Agora que você a percebeu a relação entre mito e filosofia, vamos prestar bastante atenção a um importante trecho que se segue sobre o mito.

“Na verdade, os mitos não são apenas narrativas sobre a origem do homem, das coisas da natureza, do mundo. Eles também falam sobre aspectos da condição humana, como o fato de ser mortal e sexuado, de viver em sociedade e de ter de trabalhar para sobreviver e da necessidade de regras de convivência... Dessa forma, são parte da história de todos os povos, por todo o planeta.”

Portanto, podemos concluir que as relações entre mito e filosofia são formas do discurso do ser humano. Formas distintas, mas não opostas entre si. A experiência filosófica se aproxima e muito da narrativa mítica, pois são tentativas de compreensão do próprio ser humano e do mundo que o circunda. Assim, tanto o mito, quanto à filosofia apresentam-se como sabedoria pela qual os seres humanos tentam garantir sua sobrevivência, estabelecer sua identidade e buscam formular o sentido de sua existência. O que seríamos sem o mito e a filosofia?!


Fonte: Currículo mínimo (Seeduc)

Identificar o discurso mítico e o filosófico - 2º bimestre - aula nº 1

Aula nº 1 do 2º bimestre:

Identificar o discurso mítico e o filosófico

Poderemos perceber que são duas maneiras com caraterísticas próprias que o ser humano desenvolveu ao longo do tempo para tentar responder as suas perguntas mais inquietantes. É importante dizer que o mito e a filosofia não apresentam uma oposição entre si. O fato de serem diferentes não significa que sejam opostos. Os principais elementos que compõem cada discurso, o mítico e o filosófico. A palavra mito, de origem grega, significa narração. Eram ensinamentos orais que eram passados de geração em geração e utilizados pelos povos antigos para tentar explicar fatos e fenômenos da natureza, as origens do mundo e do homem. Dentre os mitos mais conhecidos, temos a mitologia grega que foi uma espécie de preparação a própria filosofia, pois muitas questões levantadas pelos filósofos gregos já estavam presentes nos relatos míticos. Mas, então, como podemos identificar um discurso mítico? Podemos dizer que os mitos se utilizam de muita simbologia, personagens naturais e sobrenaturais, deuses e heróis. Todos estes componentes são misturados a fatos reais, características humanas e pessoas que realmente existiram ou não.

Podemos concluir que a linguagem mítica é simbólica, alegórica, fantasiosa. E é nesse sentido que o mito não é sinônimo de mentira, mas uma maneira muito especial que o ser humano possui de buscar o conhecimento como fazem os poetas. O mito não possui uma preocupação com o rigor lógico e argumentativo próprios da filosofia. Então, podemos afirmar que existem diferenças entre o mito e a filosofia?

A palavra filosofia, também de origem grega, significa amigo ou amante da sabedoria. E quais características que existem no discurso filosófico? Como podemos identificar um texto ou um pensamento filosófico? Identifica-se um mito porque ele utiliza símbolos, personagens e por ser uma narrativa imaginária e fantasiosa. Os filósofos, em geral, apresentam outro tipo de linguagem e não necessariamente melhor, superior ou contrário ao mito. Simplesmente podemos dizer que os discursos, mítico e filosófico, apresentam algumas diferenças. E que diferenças são essas? O discurso filosófico possui um cuidado com o rigor lógico. Os símbolos que são tão marcantes no mito não são utilizados pelos filósofos. O texto filosófico procura estabelecer conceitos e demonstrações sobre os mais variados tipos de assunto. Para o filósofo é muito importante que exista uma argumentação. A imaginação que é tão importante para os poetas e, portanto, para os mitos, não estará tão presente na linguagem de muitos filósofos. Em outras palavras, podemos dizer que o discurso mítico é mais livre, enquanto que o discurso filosófico apresenta-se mais crítico e questionador.

Fonte: Currículo mínimo (Seeduc)


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A Filosofia presente na nossa vida - 1º bimestre - aula nº 3

Aula nº 3 do 1º bimestre:

A filosofia presente na nossa vida:

Entendemos a origem do filosofar e de como a filosofia pode contribuir para o conhecimento e na transformação do ser humano e do mundo que o circunda, muitas vezes não damos conta que nas atitudes mais simples da vida a filosofia, em certo sentido, nos acompanha, pois ela se confunde com as nossas próprias atitudes, pensamentos e concepções que vamos formando ao longo do tempo.

É nesse sentido, que podemos falar da importância da filosofia.

“(...) mas antes de tudo, se não quisermos fracassar em nosso esforço para determinar o valor da filosofia, devemos em primeiro lugar libertar nossas mentes dos preconceitos dos que são incorretamente denominados de homens “práticos”. O homem “prático”, como esta palavra é frequentemente empregada, é alguém que reconhece apenas as necessidades materiais, que compreende que o homem deve ter alimento para o corpo, mas se esquece que é necessário procurar alimento para o espírito. Se todos os homens vivessem bem; se a pobreza e as enfermidades tivessem já sido reduzidas o máximo possível, ainda haveria muito a fazer para produzir uma sociedade verdadeiramente válida; e mesmo neste mundo os bens do espírito são pelo menos tão importantes quanto os bens materiais. É exclusivamente entre os bens do espírito que o valor da filosofia deve ser procurado; e só os que não são indiferentes a estes bens podem persuadir-se de que o estudo da filosofia não é perda de tempo.” Bertrand Russell.

O trecho acima mostra que a filosofia é útil para aquele que se propõe a pensar. E todos nós, várias vezes ao dia, temos que tomar algumas decisões, muitas vezes precisamos encontrar algum tipo de critério para seguirmos ou não certa direção. É também verdade que não conseguimos viver sozinhos e, na relação com as outras pessoas, surgem acordos, esperanças, mas também conflitos, dúvidas, incertezas e outras consequências que geram sentimentos e desejos os mais diversos possíveis. E naturalmente pensamos e refletimos sobre os acontecimentos, e muitos deles, inesperados na nossa vida!

A filosofia muito pode contribuir para lançar luzes sobre as nossas questões que vivenciamos todos os dias, o filósofo é um inquieto, um questionador. Ele não se contenta com o que chamamos de senso comum por ser um conhecimento superficial. E todos nós buscamos respostas às nossas perguntas, mas nem sempre é fácil encontrá-las. Mas não é esse o sentido da filosofia: uma constante busca?!

Fonte: Currículo mínimo (Seeduc)


A Filosofia como possibilidade de transformação - 1º bimestre - aula nº 2

Aula nº 2 do 1º bimestre:

A filosofia como possibilidade de transformação:

Quem faz a filosofia é o próprio ser humano. A filosofia é, pois, reflexo das indagações e inquietações daquele que se permite pensar e questionar-se.

Portanto, quem filosofa está aberto, de alguma forma, para o conhecimento de si mesmo, havendo, assim, a possibilidade do conhecimento do ser humano. E, será que se conhecendo, o ser humano pode transformar o mundo em que vivemos?! Se positiva a resposta, em que sentido pode ocorrer tal transformação?

Um filósofo fundamental ao estudo da Filosofia, Sócrates e é considerado um dos mais importantes pensadores. O pensamento do Sócrates é bastante simples! Ele desenvolveu um método, um caminho, por assim dizer, de fazer filosofia. Era o método de fazer perguntas. Repare que essa é uma importante característica da filosofia: apresentar as perguntas como ponto de partida para os debates.

“Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa.” Sócrates.

Com esse método, chamado maiêutica, de origem grega, que significa “dar à luz”, ou “parto das ideias”, Sócrates inovou e incomodou muitas pessoas como os sofistas e algumas autoridades que não aceitaram a sua forma livre, criativa e descontraída de fazer filosofia. 

Sócrates não estava preocupado em agradar às autoridades, nem mesmo demonstrar um saber ilusório diante das pessoas. Ele fez da sua vida uma busca pela sabedoria, atitude essa verdadeiramente filosófica.


Fonte: Currículo mínimo (Seeduc)

A Origem do Filosofar - 1º bimestre - aula nº 1

Aula nº 1 do 1º bimestre:

A origem do filosofar:

A filosofia e também o filosofar surgem a partir do momento que o ser humano coloca uma indagação, um questionamento.

“Os homens começaram a filosofar, agora como na origem, por causa da admiração, na medida em que, inicialmente, ficavam perplexos diante das dificuldades mais simples; em seguida, progredindo pouco a pouco, chegaram a enfrentar problemas sempre maiores, por exemplo, os problemas relativos aos fenômenos da lua e aos do sol e dos astros, ou os problemas relativos à geração de todo o universo. Ora, quem experimenta uma sensação de dúvida e de admiração reconhece que não sabe. (...).” Aristóteles.

Podemos dizer, portanto, que a filosofia é própria do ser humano que possui a capacidade de pensar e, pensando, se questiona e se admira com os fatos da vida.

Interessante também notar que a filosofia é uma palavra de origem grega. Ela é constituída pela reunião de duas outras palavras gregas: “philia” e “sophia”. O termo grego “philia” pode ser traduzido por “amizade”, “afeição”, “amor”. Já o termo “sophia” costuma ser traduzido por “sabedoria”.

É importante dizer que não existe uma única filosofia, mas sim filosofias, pois a multiplicidade de pensamento formou o que nós chamamos de tradição filosófica ocidental. 

A filosofia é como uma viagem ao desconhecido.

Fonte: Currículo mínimo (Seeduc)